Duas mulheres

Amaram as mesmas coisas
Choraram no mesmo dia
Fizeram as mesmas perguntas
Para um mesmo deram a mão.
Uma já leu a outra
E sabe como ela se sente,
Ainda que reinvente
Os caminhos do seu coração.
Não pretendem ser amigas,
Mas não sustentam ser rivais,
E são profundamente leais 
A esta tácita relação.
Não se conheceram pessoalmente,
Mas praticaram o perdão.
Entre elas não há competição
Sobre quem tem mais beleza
Mais sucesso, mais magreza, 
Mais talento com o violão.
Nenhuma delas tem plenas certezas
Quando a única constância 
É de transformação.
E para que não fiquem presas
- na história delas mesmas -
Se libertam juntas,
Em silêncio e em comunhão.

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